sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Para sempre Ana (Sérgio Carmach ) - Resenha

http://para-sempre-ana-o-livro.blogspot.com/
Boa noite, queridos amigos das ideias!
É chegada a hora da resenha de Para sempre Ana, do escritor carioca Sérgio Carmach. Uma narrativa intensa que irá arrebatar o leitor levando-o ao centro de um drama humano descrito com muita habilidade.
Sem mais delongas, deixo-os com a resenha, recomendo-lhes participar como leitor/espectador da trama de Para sempre Ana e espero que muito em breve tenham a oportunidade de apreciá-lo na integra.

Nem heroína nem vilã: simplesmente, Ana.

     Ana, uma das pontas  num triângulo amoroso cujas outras partes alternam-se. Seu passado e sua origem misteriosos mexem com as estruturas da bela cidade de Três Luzes, onde uma família tradicional e conservadora terá seus pilares seriamente abalados. Segredos do passado virão à tona, valores morais serão postos na balança, mas somente o tempo, e talvez nem ele, será capaz desvelar todo mistério em torno de uma mulher cujo único sonho era encontrar o grande amor, formar uma família e ser feliz para sempre.
Para sempre Ana: uma história complexa, construída sobre bases temáticas igualmente complexas e, por vezes, polêmicas, como por exemplo, infidelidade conjugal, aborto e diferentes crenças religiosas. A narrativa em 3ª pessoa desenrola-se de forma não cronológica e as variações temporais se, por um lado travam a ansiedade do leitor, por outro, ajudam-no a manter ligados os pontos da trama, relacionando ações, fatos ou gestos que, contextualizados mantêm a trama em perspectiva a cada reviravolta.
Ao iniciarmos a leitura de Para sempre Ana, a impressão que pode aflorar, a princípio, é a de que estaremos mergulhando em mais uma história de amor. Essa ideia não está errada. Trata-se, sim, de uma história de amor, na qual todos os elementos característicos coexistem: paixão, entrega, infidelidade, traição, vingança, egoísmo, e até mesmo insanidade. Sem esquecer que os fatos desenrolam-se em um clima de suspense e mistério que se apresenta desde as primeiras linhas, de maneira sutil, mas que cresce ao longo da narrativa, culminando em um final que deixará ao leitor uma sensação extraordinária de "quero mais". E realmente haverá mais, só que cada leitor completará a lacuna de acordo com pontos de vista, crenças, valores e ponderações muito particulares. Trata-se de um grande quebra-cabeça criado pelo autor. As peças vão encaixando-se no espaço e no tempo histórico e, principalmente, psicológico de cada um dos personagens centrais, mas, ao final, um espaço em branco ainda restará no tabuleiro.
         O cenário de amores que ora se acham, ora se perdem, é a cidade de Três Luzes, uma aconchegante localidade interiorana, localizada em um vale de beleza excepcional onde, além do mais, paira uma aura mística em torno do possível pouso de naves alienígenas, num passado não muito distante. Um lugar verdadeiramente paradisíaco no qual a maioria dos moradores está bem colocada e privilegiada financeiramente, compondo uma sociedade tradicional, apegada a valores não menos tradicionais. Entretanto, a despeito de toda encanto geográfico da cidade, seus habitantes, quando observados em profundidade, são depositários de segredos, falhas morais e comportamentos egoístas pouco compatíveis com a moral cristã que transparece a olho nu. Esse aspecto constitui uma verdadeira antítese na construção da narrativa: a beleza do lugar confronta-se com uma série de dramas humanos envolvendo, a princípio, Irineu, Márcia, Carlos e Ana, cujas vidas têm seu rumo drasticamente mudado, a partir do momento em que Ana surge, trazendo consigo, não apenas Caio, mas todo o fio de uma trama que, tendo sua origem no passado de Nestor, irá tornar-se ainda mais intrincada. 
    Antagonismos são recorrentes na órbita dos personagens de Para sempre Ana: a)Padre Mota e o delegado Irineu, por exemplo, protagonizam embates nos quais espiritual/material, razão/emoção são postos em xeque sempre que se encontram; b) a suposta presença extraterrestre (ciência) no vale, e a postura adotada por Carlos ao final da narrativa, representam aspectos contrários e, ainda; c) a tibieza moral, e a acomodação de Carlos diante dos fatos que a vida lhe apresenta, confronta-se com a determinação, clareza de pensamento e inconformidade de Caio diante do desaparecimento de sua mãe.
         Conduzidos de forma realista por Sérgio Carmach, os personagens vão, aos poucos, dando-se a conhecer sem falsos filtros morais, maniqueísmo ou julgamentos: seres humanos cometem erros; arrependem-se ou não; culpam-se, como Nestor, cometendo desatinos por isso. Outros, como Cris, atribuem a outrem a causa de seu sofrimento, e buscam, de forma quase cega, o ressarcimento pelas perdas de que se julgam vítimas. Em momento algum o autor, apesar de usar a voz dos personagens para compartilhar conosco algumas concepções filosóficas, apresenta a narrativa conduzindo-a como o julgamento de Ana (ou qualquer outro personagem) pelas “falhas” cometidas. Ela é humana, vive em busca de sua felicidade e, durante a caminhada, erra e acerta inúmeras vezes. Nem heroína, nem vilã. 
Ao longo da narrativa, os personagens têm a oportunidade de mostrarem-se em toda sua humanidade e imperfeição. Desde Mota (sacerdote católico da cidade), passando pela respeitável Gertrudes (professora e mestra de várias gerações triluzianas) chegando a Márcia, a respeitável Sra. Rigotti, capaz de manipular aqueles que estão ao seu redor. Tanto aspectos positivos, quanto negativos do ser humano estão presentes em Para sempre Ana.
De maneira alguma essa narrativa pode ser analisada como se fosse uma história de amor qualquer, tampouco se esgotam nesta resenha as possibilidades de análise dessa narrativa rica e intricada. E nem poderia ser diferente, uma vez que a própria história de vida de Ana Rigotti não termina exatamente com o ponto final da última frase do romance.


Sérgio Carmach: o criador do universo de Para sempre Ana
Então, queridos, por hoje é isso. Ou melhor, como costumo sempre dizer: não é "só isso", mas vocês vão ter que ler Para sempre Ana para descobrir o resto.
Em breve estaremos aqui para trocar mais algumas ideias de canário.
Abraços!
Cármen.





8 comentários:

  1. Uma história com muitas surpresas para o leitor. Nada é o que parece e no quebra-cabeça montado aos poucos, uma peça em branco resta no tabuleiro para que cada leitor complete.
    Cármen.

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  2. Adorei seu blog. Também moro no Rio Grande do Sul. Grande beijo!

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    1. Obrigada, Najla.
      Esteja à vontade para retornar sempre que quiser, participar das promoções, comentar, dar sugestões. Estamos sempre abertos anovas ideias de canário.
      Se desejares seguir o blog e convidar teus amigos, vai em frente.
      Bjokk,
      Cármen.

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  3. Oi, Cármen. Sua resenha está realmente linda!! Passou informação e sentimento, além de uma bela análise da estória. O texto está mesmo bonito e muito bem trabalhado. Parabéns! Bjinhos!

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  4. Olá, Luzia,
    Estou muito contente que tenhas gostado, tanto a leitura quanto a resenha foram feitas com muito carinho.
    Bjokk,
    Cármen.

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  5. Olá Cármen.
    Adorei a resenha. Nunca tinha ouvido falar nesse livro. Agora, ele vai para minha lista de "Vou Ler".
    Hehe''

    Beijos.

    Annie Stephanie - http://muchdreamer.blogspot.com/

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  6. Oi, Annie!
    Com certeza vais gostar, é uma história que nos envolve, cheia de reviravoltas e surpreendente.
    Já aproveitou para participar da promoção Rumo aos 100 amigos das ideias?
    link:
    http://ideiasdecanario.blogspot.com/2012/03/promocao-rumo-aos-100-amigos-das-ideias.html#comment-form

    Segue as instruções, convida os amigos do teu blog. A premiação é materialmente singela, mas de coração!
    bjokk,
    Cármen.

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  7. Oi, Paula!!
    Com prazer...
    Ando meio parada por aqui por conta de estudos, daqui a dois semestres, volto a postar mais.
    Obrigada pela visita.
    bjokk,
    Cármen.

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