terça-feira, 20 de novembro de 2018

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Alecognição: Uma batalha entre o bem e o mal

Olá meus amigos das ideias!!
Saudades deste espaço, de estar compartilhando essas ideias de canário inspiradas pela boa literatura. Mas a vida é a vida, tempo e vontade quase nunca andam na mesma direção (pelo menos no meu caso).
Então, a canarice* ( inventei essa palavra agora?)  de hoje é cumprir um compromisso que já fez aniversário. Parabéns pra mim pela incompetência, mil perdões ao meu amigo  Leo Vieira e  chega de papo furado. Vamos logo à resenha: Alecognição**



Autor: Leo Vieira
Editora Lexia/2011
313 páginas
Brincadeiras, diversão, jogos, bola, peteca, carrinho de rolimã,bicicleta, bichinhos de pelúcia (estou falando das brincadeiras da minha época, é claro ...)*** são coisas  certas e totalmente inocentes na vida das criança, não é mesmo? 
"Peraí", gente... eu coloquei "bonecas" e "inocentes" na mesma frase? Força do hábito.
Em Alecognicção, escrito por Leo Vieira, esse campo semântico tão pueril  é invadido por elementos de outro mundo, literalmente.
O autor nos leva a acompanhar em terceira pessoa  a trajetória de Galileo a partir de seu quinto aniversário. O garoto, é claro tem muitos brinquedos e entre eles estão alguns bonecos muito especiais: Nasalvo, o fantoche azul, Pupi, o  cãozinho simpático e de pelúcia marrom são dois deles. Até aqui, nada de novo, criança é criança; brinquedo é brinquedo e tudo é mais ou menos como goiabada com queijo (ou, no caso de nós, gaúchos, rapadura com chimarrão).
http://www.laboratoriopop.com.br/temporeal/mgm-produz-remake-de-chucky-o-boneco-assassino/8173
Mas para o jovem Galileo nem tudo é o que parece e as coisas no seu mundo estão mais para o lado do Chucky*** do que para conto de fadas. 
Conforme vai crescendo Galileo vai percebendo que as coisas a sua volta tem uma dimensão a mais do que apenas a aparente. Vai percebendo também que tem um papel importante na luta entre as forças opostas que  se debatem. Sob o véu da normalidade, das brincadeiras do dia-a-dia, de seus bonecos e mesmo das relações de amizade e parentesco de sua vida, uma batalha pelo domínio da humanidade está acontecendo. Uma batalha entre o bem e o mal. O presente de Galileo está ligado a um passado e, com certeza, ao rumo do futuro, no qual ele é  uma peça-chave.

"- Jovenzinho, muitos enigmas custam uma vida para serem compreendidos. No seu caso, não será tanto assim. Tudo está se evidenciando porque o seu mundo precisa de você. - diz o pombo.
- Como assim, o meu mundo? eu sou somente um entre bilhões de indivíduos. O que faço ou deixo de fazer, não contribuirá em nada. - diz Galileo
- Isso é o que você pensa. diz o pombo. -Nós somos os heróis de nossa própria história(...)" (pág 81)

Que "há mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia", Hamlet já sabia(e se não sabia o fantasma do pai contou). 
Mas e nós, em nossa modernidade digital, percebemos isso? Estamos preparados para perceber aquilo que não se materializa diante de nós compartilhado no Facebook?

"Os presentes, para alguns, podem não significar nada, mas, para o menino, sim. São apetrechos que, em conjunto, serão essenciais para a formação de uma grande jornada, cercada de enigmas e,simbolismos. E todos estarão presentes, auxiliando ou não."(pág.2 )


Leo Vieira com certeza trabalhou com muita criatividade e acertou em ousar uma temática ampla nada simples de ser abordada. Mitologia? Misticismo?  Realismo mágico? Fantasia? (ai, meu Deus, quase digito "paranoia ou mistificação?")
E mais, dependendo do ponto de vista do leitor, esse foco pode mudar. Mesmo uma segunda leitura pode sugerir uma nova interpretação ou um aprofundamento nos vários assuntos que permeiam a narrativa de Alecognição(segue o link e marca lá no Skoob, vai), como o poder de manipulação da mídia, por exemplo.
Enfim, um livro que pode ser lido de várias forma. E vale a pena ler.
Ah! Acabo de me lembrar de uma boneca Susi, que eu tinha cuja cabeça com tocos de cabelo ruivo, não sei por que eu sismei de arrancar. Ela tinha os olhos azuis, a mesma cor da roupa do Penalvo e dos olhos do Chuky. Vai saber, não é, Leo Vieira. Aquela cabeça rolou pela casa e pelas caixas de brinquedo por um bom tempo...



* s.f. comportamento característico dos canários, ou daqueles que, no sentido Machadiano, se comportam ou concordam com as "ideias do canário"


***  Leo Vieira, se tu  fosses modernizar a narrativa substituindo os brinquedos do Galileo por PSP, X-box, etc. como ficaria?

****Chucky, esse mesmo, o boneco assassino, aquele que sempre volta e numa dessa arrumou até uma noiva e um filho.(não vi o  filme e não posso deixar de me perguntar: Como assim???)


Leo Vieira, autor de Alecognição, nascido em são Gonçalo/RJ.Também ator, dublador, é membro da Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo.








domingo, 14 de abril de 2013

O Bruxo do Cosme Velho, por Kassiana Schimidt



Bom final de domingão, amigos das ideias!
Essa é uma postagem prá la de especial  porque traz uma "resenha" diferente do patrono dessa página: Machado de Assis, feita pela amiga Kassiana Schimidt, lá do Grupo de Leitura- O vendedor de livros no Facebook.
Deixando pra lá as palavras (ou nem tanto) vejam que obra prima machadiana:


O Bruxo do Cosme Velho, por Kassiana Schimidt(Niterói/RS)

 A Kassiana literalmente escreveu Machado utilizando palavras da obra Dom Casmurro .Com maestria, delicadeza e precisão ela mesclou obra e autor e a gente é que fica sem palavras.

Sem dúvida, são cinco canários para a Kassiana.


Até breve,

Cármen Machado.




quarta-feira, 20 de março de 2013

A biblioteca 100% virtual vem aí - Vida e Cidadania - Gazeta do Povo



                       


 Papel ou virtual?
Tu decides, prezado amigo das ideias, porque cada vez mais os acervos digitais estão a nossa diposição.
Eu confesso que tive muita resistência com a leitura virtual, mas acabei fazendo concessão a essa nova modalidade, e acabei acostumando, sem falar que nas versões em PDF aqueles comentários e reflexões sobre os livros podem ser feitos diretamente, usando os recursos do reader. Mas sem abandonar de vez o bom o velho papel, isso, nunca!
Segue o link aí e confere o artigo de Diego Antonelli, da Gazeta do Povo.
Ah!  também os principais sites com acervos gratuitos totalmente a tua disposição   que estão no artigo.
Bora lá, é só um clic, não custa nada!!

A biblioteca 100% virtual vem aí - Vida e Cidadania - Gazeta do Povo

 Até breve.
Cármen Machado.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Diversidade x Literatura


LITERATURA FEITA POR POUCOS PARA POUCOS
Pesquisa revela perfil dos escritores e personagens da literatura brasileira contemporânea                                                                                                              
 Perfil dos escritores basileiros  é como  o de seus personagens: homem e branco*

Porto Alegre, segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
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Olá, amigos.
Venho hoje para trocar uma ideia de canário com vocês não sobre um livro ou autor em particular, mas sobre um aspecto literário mais abrangente, a propósito de texto veiculado, hoje, no jornal Zero Hora.
A referida matéria, cuja chamada (acima) e infográficos (baixo), apesar de não causar nenhum, espanto(ao menos para mim),  com certeza merece  uma reflexão de nossa parte, como leitores e cidadãos intimamente interessados na questão da diversidade nesta democracia racial em que vivemos.

Despertou-me, então,  a curiosidade de saber a opinião/visão dos amigos das ideias sobre a tal questão da "diversidade"(ou falta dela) na nossa literatura brasileira apartir dos resultados da pesquisa,  coordenada por Regina Dalcastagnè - Universidade de Brasília,   que apresenta em números percentuais muito significativos os perfis de escritores e personagens enquanto masculino ou feminino, negro(a) ou branco(a), atividade profissional e posição social.
Proponho aos amigos interessados em queimar(não me agrada muito essa definição, preferia usar o verbo "acender") alguns neurônios com a questão que acessem os links nesta resenha ou o próprio periódico, leiam a matéria, reflitam e, na medida do possível, publiquem seus comentários por aqui ou na nossa fan page.
Propositadamente não aprofundei as informações ppropostas na matéria para que cada um  faça sua própria leitura, mas não posso deixar de registrar uma questão bem particular: hoje pela manhã, fiz a leitura do jornal como um todo e da matéria sobre a diversidade literária; fiz minhas "lides" feminis (afe!), fui para o trabalho  e, desde às 18h estou trabalhando nesta resenha (vai haver janta aqui em casa hoje ou não? hshshs).


 

Finalizo, caríssimos, deixando para sua análise algumas repercussões dos resultados da pesquisa registradas  na versão digital do jornal  ZH.


"Minha experiência como poeta e escritor em Porto Alegre me ensinou que o desconforto é mútuo, isto é, às vezes represento o outro, o estranho e, de outra parte, os demais escritores, que deveriam ser o que chamamos "os [meus] iguais", formam um grupo com o qual não alcanço a menor identificação. Felizmente, a contragosto do solo, a literatura brasileira tem uma série de artistas que (não direi que fugiram) afrontaram esse "perfil médio": Machado de Assis, Cruz de Sousa, Orides Fontela, Oliveira Silveira. Alguém argumentará que eles são exceções que confirmam a regra, mas, lembrando Jean-Luc Godard, digo que o cânone (o convencional) é a regra, a arte é exceção, mesmo."Ronald Augusto, escritor

"É inevitável ver dados como esses e não lamentar. Todavia, acho importante fazer uma distinção: é claro que seria interessante ter uma literatura que refletisse melhor a heterogeneidade da população brasileira, mas disso não podemos concluir que a literatura tem a obrigação de refletir essa heterogeneidade."
Daniel Galera, escritor



 "É uma sociedade mestiça, mas na literatura predominam os brancos porque são um grupo que recebeu mais instrução. Hoje, o acesso de grupos mistos à universidade é maior, mas essas pessoas de que estamos falando foram formadas nos anos 1970. Pode ser que no futuro haja maior equilíbrio."
Regina Zilberman, professora da UFRGS



 "É provável que escritores saiam das camadas mais educadas da população, onde a maioria é branca. É natural que escritores em geral falem de universos próximos aos seus. Agora, como na resposta anterior, isso é uma análise mais qualitativa que quantitativa. Quanto a gêneros, é uma discussão mais complexa, e não dá para esperar que seja 50%-50%."
Michel Laub, escritor



Bora botar nossos dedos, que tantas páginas viraram(e ainda virarão), nesse vespeiro?
Aguardando por   suas manifestações.

Abraços a todos,
Cármen Machado.


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Uma história de filho e pai


     Boa noite, caríssimos amigos das ideias.
  Olha, eu estava com uma baita saudade de aparecer por aqui e compartilhaar com vocês um pouco das maravilhas que a Literatura nos oferece.
    Mas não tem sido possível, prioridades em foco e coisaetal e talecoisa dessa vida moderna. O negócio é aproveitar, quando dá.
      E vamos a resenha, que é o que realmente interessa!


Edição independente, 2012 - 145 p./ISBN978-85-913543-0-6

     Já faz um bom tempo que "Condenáveis - uma histório de filho e pai", de Leonardo Torres, chegou até mim. Através das redes sociais, e-mails  mensagens trocadas com o Leonardo, que é uma cara pra lá de bacana, ficou acertado o envio do arquivo para que eu lesse e resenhasse. 
    Pessoa nascida no século XX (rsrs), demoro um pouco para engrenar na leitura de e-books(ponto negativo pra mim), então veio o trabalho, o início de uma outra atividade, enfim... cá estamos. Depois de acertar o passo com a leitura digital, não era sem pesar que esperava a hora de ler, anotar - a noite, para  mim, é horário propício - e organizar as ideias para a resenha.
   Estou fazendo essas considerações porque acredito que seja essa a função de um bom livro, de ficção ou não: envolver, fazer refletir, transcender a própria narrativa e  seus personagens,  despertar para os situações que aborda na própria vida do leitor, ainda mais quando se trata da relação pais/filhos (ponto positivo para "Condenáveis").
   Creiam, pensei muito ao longo da leitura sobre a relação com meus filhos, sobre as coisas que espero(se é que tenho esse direito) e sobre o que será que eles esperam de mim e do pai.
    A narrativa é em primeira pessoa e isso dá o ritmo perfeito para que o leitor embarque de cabeça na história. É através dos olhos e dos sentimentos de Leonardo que tomamos conhecimento da sua história (uma profunda reflexão e desabafo) a partir da infância, passando pela adolescência até o presente, construindo a figura paterna. Ele literalmente  "passa a limpo" a presença do pai em sua existência, faz um balanço de sua infância, da relação com a mãe que o criou, do papel da avó e, principalmente, da  sua "não-relação" com o pai.
   O jovem e competente autor, realista e objetivo, coloca-se sem hipocrisia, assume suas fragilidades, vergonha dos amigos, orgulho, incertezas diante do futuro, uma vez detonada à "bomba que caiu em seu colo" em 2011, ao saber através da imprensa sobre o envolvimento do pai em um esquema ilegal de armas com a participação de policiais e traficantes do Rio de Janeiro.

"Olhei para a minha mãe como quem busca uma
explicação. Eu tinha 21 anos e não era mais nenhuma
criancinha, mas era assim que me sentia: como se ela pudesse
me dizer que tudo não passava de um mal entendido e que
iríamos ficar bem."(pág. 7)
    
     A partir do momento em que vê concretizado diante dos olhos todos os motivo do mundo para odiar o pai, com quem sempre conviveu por obrigação (ou imposição materna) durante a infância, Leonardo dá início a  uma viagem retrocedendo a sua infância e podemos acompanhar, uma após a outra, as situações que fizeram com que a figura paterna fosse (des)construída por parte do filho, a quem não agrada sequer ter o mesmo nome, nem parecer-se fisicamente com o inspetor "Trovão". (Aqui faço um aparte, como mãe: será que realmente chegamos a entender nossos pais, antes de termos nossos filhos? Particularmente, tenho provas de que não, mas não há um ser humano igual ao outro sobre a terra).
      Por tratar-se de uma história real e de domínio publico, cujos protagonistas fazem parte da História recente do país, muitas vezes fui levada a pesquisar algumas coisas, principalmente fotos e reportagens (que o próprio autor também teve o cuidado de incluir em sua narrativa). 
   "Condenáveis-uma história de filho e pai" é uma a narrativa que, definitivamente, estrapola as páginas(ou rolagem rsrs) do livro e nos leva além. Não há como ler "Condenáveis" sem ser tomado sensação de "quero saber mais sobre isso, quero pensar mais sobre o assunto".
   Finalizo destacando alguns trechos que marcaram as minhas sempre inquietas ideias de canário, reflexões e afirmações bravamente colocadas pelo autor, muito poucas pessoas sairiam tão bem resolvidas de um conflito tão profundo quanto esse (ponto para o Leonardo Torres):

"Como você pode saber se eu não fui trocado na
maternidade? – valia tudo, até mesmo perder a minha mãe, para
ter outro pai. Com sorte, eu teria duas mães ao descobrir a
minha família de verdade. Eu detestava meu pai."(30)

" ... as memórias mais antigas que eu tenho
são as de um homem alto e forte, com perfumes que nunca me
agradavam (tenho rinite alérgica), indo me buscar nos fins de
semana. Diziam que ele era meu pai. Para mim, era a
materialização do Bicho-Papão. Lembro-me como se fosse
ontem." ( 31)

"Então, o que ele queria, na verdade, era que eu me
parecesse com ele. Apenas tenho dúvidas se ele desejava que eu
seguisse seus passos ou fosse como ele gostaria de ter sido."(34)

10 coisas que aprendi lendo "Condenáveis-uma história de filho e pai"


  1.  Tenho razão em não assitir Fantástico nos domingos á noite.
  2. Ter a vida abalada por uma notícia de TV não é fácil.
  3. A beleza da Patrícia Poeta nem sempre ameniza uma notícia ruim.
  4. Filhos homens nem sempre admiram e respeitam o pai.
  5. Um pai pode não ser o herói que o filho espera.
  6.  Lembrar que por trás dos protagnistas de uma bombástica notícia de jornal sempre há famílias e sentimentos envolvidos.
  7. Jamais esperar que meus filhos gostem das mesmas coisas que eu, e respeitar isso.
  8.  Crianças podem ser mais maduras do que pensamos.
  9.  Não forçar a barra com os sentimentos porque "não se ensina a amar".
  10.  Confirmar a certeza do quanto um pai marca a vida do filho (para o bem, ou para o mal)


Leonardo Torres é jornalista especializado em cultura e entretenimento. Nascido e criado no Rio de Janeiro, autopublicou o livro "Condenáveis - Uma História de Filho e Pai" em 2012 e atualmente escreve sobre música pop para o site POPLine e administra o blog Fala, Leonardo!

Em tempo, amigos das ideias:
Inaugurando a partir dessa resenha, a classificação das ideias de canário com uma imagem bem óbvia:             
                                      

 Condenáveis, uma história de filho e pai, de Leonardo Torres:




Até a próxima!
Cármen Machado.