domingo, 4 de dezembro de 2011

Árvores que ensinam a ler e escrever

Depois de  ler o título desta postagem, talvez tu estejas te perguntando: afinal de contas, que pode haver entre  árvores e aprender a ler e escrever? 
Para quem vive na cidade, acostumado  a frutas compradas na feira ou supermercado, a ideia de que por trás do seu saboroso consumo há a preparação da terra,  a escolha de sementes sadias, o plantio, a fertilização, a poda... e tantos outros cuidados,  está  para além de imaginar que elas vem de árvores e que o  seu consumo traz benefícios para saúdes tão urbanas.

Então estaria certo pensar  que é impossível  alfabetizar alguém usando como cartilha nada mais que sementes e terra para plantar?
Errado, caríssimos amigos das ideias, pois é exatamente assim que a professorinha Margarida, personagem da nossa Ideia de Canário de hoje reencontra seu caminho, depois de uma doença que a faz perder a memória e a capacidade de ler, escrever e, principalmente, ensinar.   

Abacate, banana, caqui ...  de semente em semente, uma letra depois da outra, Margarida foi reencontrando seu caminho e construindo o futuro.
Em Sitio da Margarida, através da história da professora  do interior, querida por todos e a quem nem mesmo a doença foi capaz de fazer desistir de viver ensinando e aprendendo, José Honório Terzeciaki Ribeiro, escritor lourenciano, traz ao leitor uma receita básica de  aprendizagem: plantar para colher.
 "- E que tive uma ideia  - Eu pensei que se, se eu plantar árvores em um canteiro, com a tua ajuda e começar a cuidar  delas, lembrando o nome das árvores eu posso lembrar o nome das letras e daí, quem sabe?! ... voltar a ler pelo menos uma frase, um poema... Quem sabe?!..."

Assim como as sementes que, uma vez levadas ao solo, viram sólidas árvores que proporcionarão sombra fresca para o descanso, frutos que saciarão a fome do corpo (e da alma), as coisas que se aprende na vida precisam de cultivo e cuidado e sempre poderão levar muito além do que se imagina. Basta olhar mais adiante e mesmo em uma "simples" plantinha encontra-se conhecimento. Como muito bem mostra o diálogo entre avô e neto, em  Sítio da Margarida:
  
"  - É menino! Tens toda razão. Sabe o damasqueiro, que dá damasco? Veio da Ásia e tem se dado muito bem aqui no Brasil. Mas também temos nossas árvores e plantas nativas de nossa terra. Um exemplo e esta aqui, a erva-de-bugre. Dá uma boa sombra e era muito usada pelos bugres em forma de chá ara curar varias doenças  Vamos plantar uma muda aqui. ela ajuda a contar a historia dos bugres, um povo que viveu aqui muito antes de nos, muito antes!" 

Botânica, geografia, fitoterapia, história, memória cultural indígena: o avô, em sua explicação, planta  o que vê e  cultiva o que não vê no conhecimento do menino, passando sua sua experiência de vida.
E por ai vão as lições  em Sítio da Margarida, simples e diretas como  a linguagem utilizada pelo autor que, como ele mesmo diz, nasceu no interior e sempre teve fascínio pela natureza , - "Na verdade, meus primeiros passos foram em meio as arvores e as plantações". - afirma José Honório que, além de poeta premiado, também e sócio-fundador  do Centro de Escritores Lourencianos.
Curioso?  Então, fica mais esta "ideia de canário",  pra tua leitura:



Até a próxima ideia!

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