
Desde então, uma série de políticas públicas vêm sendo adotadas em todas os segmentos da sociedade brasileira, principalmente na educação, com objetivo de combater o preconceito e a discriminação racial no Brasil.
Com lei 10.639/2003, que prevê a obrigatoriedade do ensino de História da África e da Cultura afro-descendente no ensino, o currículo escolar, na sua totalidade e, em particular(para o caso deste blog) a literatura, necessita de um outro olhar. Um olhar que seja capaz de perceber, respeitar e valorizar as especificidades étnicas da comunidade escolar. Os alunos e suas famílias, professores, servidores, direção, coordenação, ...- precisam reconhecer suas origens culturais no ambiente escolar.
Que dizer, então, do livro didático?
Que dizer da Literatura?
Que dizer de Machado de Assis (a quem o nome deste blog homenageia), escritor afro-descendente que teve sua origem racial "ignorada" (não esquecer o recente comercial da Caixa Econômica Federal)?
Que dizer de Luiz Gama, Solano Trindade, Cruz e Souza, Lima Barreto, Auta de Souza, José do Patrocínio?
Luiz Gama |
Então, em nome da consciência de pertencimento étnico-racial que durante muito tempo esteve à sombra do "mito da democracia racial", o Ideias de Canário, neste mês (e todos os outros também), dedica suas postagens a alguns desses escritores e suas obras.
Até breve, amigos.
Cármen Machado.
Luiz Gama, 1830-1882
Posto que já veja irados
Muitos lorpas enfunados,
Vomitando maldições
Contra as minhas reflexões.
Eu bem sei que sou qual Grilo
De maçante e mau estilo;
Outras Referências:
http://f5.folha.uol.com.br/televisao/988689-caixa-refaz-propaganda-e-mostra-machado-de-assis-mulato.shtml
http://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_gama
http://institutoluizgama.org.br/portal/
http://www.njobs.com.br/seppir/pt/
http://www.seppir.gov.br/
Até breve, amigos.
Cármen Machado.
Luiz Gama, 1830-1882
A bodarrada
Quem Sou Eu?
O que sou e como penso,
Aqui vai com todo o senso, Posto que já veja irados
Muitos lorpas enfunados,
Vomitando maldições
Contra as minhas reflexões.
Eu bem sei que sou qual Grilo
De maçante e mau estilo;
E que os homens poderosos
Desta arenga receosos,
Hão de chamar-me tarelo,
Bode, negro, Mongibelo;
Porém eu, que não me abalo,
Vou tangendo o meu badalo
Com repique impertinente,
Pondo a trote muita gente.
Se negro sou, ou sou bode,
Pouca importa. O que isto pode?
Bodes há de toda a casta,
Pois que a espécie é muita vasta...
Há cinzentos, há rajados,
Baios, pampas e malhados,
Bodes negros, bodes brancos,
E, sejamos todos francos,
Uns plebeus, e outros nobres,
Bodes ricos, bodes pobres,
Bodes sábios, importantes,
E também alguns tratantes...
Aqui, nesta boa terra,
Marram todos, tudo berra;
Nobres Condes e Duquesas,
Ricas Damas e Marquesas,
Deputados, senadores,
Gentis-homens, vereadores;
Belas Damas emproadas,
De nobreza empantufadas;
Repimpados principotes,
Orgulhosos fidalgotes,
Frades, Bispos, Cardeais,
Fanfarrões imperiais.
Gentes pobres, nobres gentes,
Em todos há meus parentes.
Entre a brava militança
Fulge e brilha alta bodança;
Guardas, Cabos, Furriéis,
Brigadeiros, Coronéis,
Destemidos Marechais,
Rutilantes Generais,
Capitães de mar e guerra,
— Tudo marra, tudo berra —
(...)
Primeiras trovas burlescas de Getulino (1861).
http://f5.folha.uol.com.br/televisao/988689-caixa-refaz-propaganda-e-mostra-machado-de-assis-mulato.shtml
http://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_gama
http://institutoluizgama.org.br/portal/
http://www.njobs.com.br/seppir/pt/
http://www.seppir.gov.br/
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