segunda-feira, 15 de outubro de 2012

"Viva a vida" e aumenta que isso aí é rock and roll!



Do acordeão à guitarra elétrica, a história do rock de Guaíba
       O nosso rock: a história do rock de Guaíba
      César Tadeu Barcellos , 172 p.
       Ed. do autor: Ideograf, 2010.                                                              
Reunindo as memórias de sua ligação com a música desde a infância, César Tadeu Barcellos, ou melhor, Tio César, “arranja” neste livro as peripécias roqueiras neste nosso berço da Revolução Farroupilha entre os anos 60 e 70 e, de saída, prova que o bom e velho rock and roll  nunca morre.
Nascido em Getúlio Vargas, interior do RS, seu primeiro contato com a música foi tocando acordeão com seu pai no início dos 60’. Na época, conta, a sintonia com o resto mundo não era fácil: sem televisão, notícias nada atualizadas em rádios e jornais, “as estrelas do rock pareciam inatingíveis, coisas da imaginação, eram como extraterrestres (às vezes chego a pensar o mesmo sobre a Lady Gaga, não sei por que) que viviam num outro mundo bem distante da nossa galáxia interiorana”.
Foi através do cinema (e, amigos, podem ir esquecendo essas modernas salas de shopping que insistem em chamar de “cinema”, não era nada disso), que o guri acordeonista se aproximou dos ídolos que lhe apontaram o caminho do rock. O “acorde” de misericórdia na vaneira foi dado quando ouviu Beatles pela primeira vez.  

          A hard Day’s Nigth (...) Uma loucura! Aquilo foi o mesmo que   uma ordem para jogar meu acordeom, chapéu, botas e bombachas fora.
     E a ordem foi cumprida à risca- virei roqueiro” (pág.10)
           
Rock corre nas veias e, desde então, a vida de Cesar Tadeu Barcellos tem como trilha sonora "only rock’and roll"( and He like it).  Mudança para Guaíba veio, amigos “falando a mesma  linguagem”,  cabelos crescendo e não podia dar outra: nasceu uma banda: Os trepidantes, criada em 1967  e que animou bailes, shows e fez muita festa em Guaíba. Até que as responsabilidades chamaram, afinal de contas, roqueiro também casa, tem filhos, mulher, e até trabalha em banco, com cabelo cortadinho, barba feita, terno e gravata. (E aqui vai um conselho, caro amigo das ideias, na próxima vez que for ao banco, dê uma boa olhada no seu gerente de contas, talvez, por trás do terno engomado, esconda-se um um roqueiro dos bons.)

http://ofumeta.zip.net/arch2007-03-01_2007-03-31.html/
"Os trepidantes", ensaio em 1967 com
Jorge(Trini), Adro, Ricardo e César
Então, como é que o roqueiro renasceu das cinzas, depois de 25 anos de "stand by", como o próprio César diz? 
Ah!, isso só lendo o livro pra saber, né, porque eu não vou contar tudo aqui. O mais importante é que, esse regresso teve uma tremenda aceitação, na cidade: "houve, digamos, um certo encantamento da garotada roqueira em ver tantos 'dinossauros' juntos em cima de um palco e, pior, fazendo rock"(pág. 130).
A partir de então, novos adeptos e bandas foram surgindo e veio a necessidade de um registro desses grupos. O que a princípio era um simples mural com nomes e endereços para contatos dos músicos foi a origem  do livro  Nosso rock, a história do rock de Guaíba:

                 " Resumidamente, este livro tem apenas três  objetivo, mas que se forem atingidos em parte ou no todo, resultará numa evolução espetacular paras nossos músicos roqueiros e para o rock-arte de nossa cidade, pelo menos na minha ótica, que são:     
         -   Apresentar um pouco da história do rock de Guaíba.          
         - Buscar a valorização dos nossos roqueiros como artistas e do rock como arte.
          - Apresentar para Guaíba as bandas de rock que fizeram e que estão fazendo a história do  Nosso  Rock."( pag. 15)

E isso não é pouco em uma cidade onde a cultura tradicionalista está tão enraizada, é preciso abrir espaço, muitas vezes com metais, guitarras e volume altíssimo, não esqueçamos que o rock já foi considerado como "música do diabo" e as generalizações são fáceis de difundir mas praticamente impossíveis esquecer. Mas é preciso separar o joio do trigo e reconhecer o que é arte e o que é realmente baderna. 
É incrível como o livro elenca uma série enorme de bandas que passaram ,ou que ainda continuam ativas em solo guaibense e até no exterior, inclusive Os trepidantes, é claro. A lista chega mesmo a ter uma parte dedicada à parte feminina do rock, (sim, amigos das ideias, aqui em terras farroupilhas, há "prendas" fazendo rock), no capítulo intitulado "Rock cor-de-rosa" podemos  conhecê-las e eu, que não "toco" nem pedrinha n'água, e sou cantora de banheiro(registrada na ordem dos músicos e tudo)  morro de inveja (que é o que me resta nesta festa, além de fazer esta resenha  rsrsr).
Com as mais diversas influências e estilos, a história de cada uma das banda em si já daria, com certeza um livro à parte. O mesmo vale para os sugestivos nomes que adotaram o que, obviamente deve ser material para mais um volume. (Quem sabe o Tio Cesar não aproveita a ideia?). Por exemplo......., .......... uhm, resolvi não citar nenhuma porque tu vais ler o livro e, então, cá estaremos para bater papo sobre isso, ok. Além disso, na faixa 6 do CD Viva a Vida - Os trepidantes(2006)*, a letra da excelente "Woodstock local"  fala de algumas delas, não deixe de ouvir o CD também, certo.
As fotografias que acompanham a descrição de cada banda também merecem algumas considerações, pois algumas mostram as bandas em ação e, por certo, devem despertar emoções saudosistas não só nos componentes, como nos fãs. Vale a pena acompanhar o histórico de cada um dos grupos, analisar as imagens e viajar no tempo, a cada página, um acorde distorcido vibra em nossos ouvidos, posso garantir.
E o mais importante  é que o Tio César continua por aqui dando voz à cena roqueira guaibense e levando a bandeira do Rock'and roll, buscando apoio oficial para eventos e abrindo oportunidades para as novas gerações, inclusive junto à comunidade escolar, "as escolas poderiam incentivar o rock, por exemplo, realizando ao menos duas vezes por ano, um festival específico para músicas inéditas e do tipo 'cover' "(pág 35). Uma excelente opção a ser considerada pelas gestões estadual e municipal. Fica o reforço à dica do Tio César.
Para encerrar nosso bate-papo, amigos das ideias, aviso-os de que não sou especialista em música. Atrevi-me a esta resenha como ouvinte e apreciadora de boa música em geral e do Rock'and roll em particular, portanto, qualquer sandice  técnica/vocabular que eu tenha cometido por aqui, fiquem à vontade para contestar, estamos aí. O espaço para os comentários fica sempre à disposição dos amigos.
Seguem algumas imagens, (especialmente do meu CD, devidamente autografado) pelo amigo Amauri Rubim, e termino agradecendo ao Tio César Tadeu Barcellos que compartilhou conosco sua história, a história d'  "O nosso rock", a história do rock de Guaíba. 
Ah!, também, abaixo, a letra da minha favorita dos Trepidantes: "Fraude ambulante"(faixa 2 de Viva a vida) . No mais,  é country-rock e deixa assim!
Abraços a todos! 
Até a próxima ideia de canário, que não são poucas, mas vai dizer isso para o relógio que insiste em reservar só 24h para cada dia.

bjokk, 
Cármen Machado.
Os trepidantes, formação recente: Amauri Rubim, Tio César Barcellos, Marcelo Andrade e Giovani Aguiar
detalhe interno da capa do CD autografado

Fraude ambulante

Não acredito em você, /
em nada  que em nada que você faz  /
em nada que você diz
em nada que você pensa ou diz que quer fazer/
como consegue viver
nessa mentira só
tua vida é uma farsa, casa de esquimó
de esquimo, de esquimó
não acredito em você
nesse sorriso fingido soluços de crocodilo /
se diz que vai não vai  se diz que foi não  foi
você não sabe ser
sempre rodeado de amigos do tipo escravos de jó
verdade tem que ser dita: "cê" está sempre só,
sempre só, sempre só....
fraude, você é uma fraude ambulante,
fraude itinerante
uma fraude, uma fraude  só(...)


           
Capa do CD Viva a vida/2006*

Detalhe: a origem da faixa 1: "É proibido proibir"



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